quarta-feira, 23 de março de 2016

Opinião

BRASIL REVIVE EPISÓDIOS QUE CULMINARAM COM O SUICÍDIO DE GETÚLIO VARGAS

Por Erasmo Firmino
O que ocorre no Brasil hoje é bem semelhante ao que ocorreu nos anos 50, culminando com o suicídio do então presidente Getúlio Vargas. Na época, o principal partido de oposição era a UDN (União Democrática Nacional), um partido liberal na economia, conservador na política e elitista na questão social. A UDN era ruim de voto, havia perdido as eleições em 1945 e 1950, mas tinha grande força no Legislativo, força esta usada para combater ferozmente Getúlio Vargas.
A UDN era implacável na oposição, se recusando a qualquer acordo ou diálogo com o governo. Defendiam que o presidente Getúlio Vargas era um homem corrupto, apegado ao poder e mesquinho, que só pensava em se manter na presidência da República.
A imprensa trabalhava lado a lado com a oposição. Foram várias as manchetes demonizando o governo, uma campanha de desmoralização que tinha como principal voz o jornalista Carlos Lacerda.
Nem a oposição e nem a imprensa aceitaram algumas ações nacionalistas de Getúlio Vargas, como a criação da Petrobras, o aumento de 100% do salário-mínimo em 1954 e a defesa dos direitos trabalhistas. Nos discursos, todavia, apontavam a corrupção como a causa da indignação.
O potiguar Café Filho, então vice-presidente, juntou-se a oposição e a imprensa para pedir a renúncia do presidente. O estopim aconteceu no dia 05 de agosto de 1954, quando o jornalista Carlos Lacerda sofreu um atentado, deixando-o ferido. Após investigações, descobriu-se que o mandante do crime foi Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente.
Nos dias seguintes ao que ficou conhecido como o “Atentado da Rua Toneleros”, a pressão sobre Vargas foi imensa. Os pedidos de renúncia por parte da oposição e da imprensa ficaram mais intensos e vorazes. No dia 24 de agosto Getúlio Vargas se matou.
O suicídio do presidente reverteu o quadro. Acusado de obcecado pelo poder, Vargas mostrou exatamente o contrário. Seu cadáver agora estava nas costas dos seus algozes, que não souberam o que fazer. A população foi às ruas contra a UDN e a imprensa. Carlos Lacerda fugiu do país. Sedes dos partidos de oposição foram invadidas e incendiadas.
A UDN jamais assumiu o poder, o que poderia ter acontecido se Getúlio Vargas permanecesse vivo. Os problemas do país também não foram resolvidos. Enfim, foi um grande erro estratégico.
Parece-me que os atuais líderes da oposição não aprenderam com a história.
Erasmo Firmino, servidor público estadual e editor do Blog Tio Colorau.
Texto e foto: www.tiocolorau.com.br

Encontro de juristas e autoridades

Juiz não pode usar a toga para fazer política, diz Flávio Dino
O governador do Maranhão, Flávio Dino, criticou, nesta terça-feira (22), a conduta política no Judiciário brasileiro e as arbitrariedades na condução da Operação Lava Jato. Como ex-juiz federal e ex-presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Dino participou de Encontro com Juristas pela Legalidade e em Defesa da Democracia, no Palácio do Planalto, que contou com a presença da presidenta Dilma Rousseff.
“Judiciário não pode mandar carta para passeata. E se o juiz, o procurador quiser fazer passeata: há um caminho. Basta pedir demissão do cargo. Aliás, quero dizer que adoro fazer passeata. Mas não use a toga para fazer política porque isso destrói o Poder Judiciário”, afirmou em referência à divulgação de interceptações telefônicas envolvendo a presidenta Dilma, sem a autorização do Supremo Tribunal Federal.
Dino comparou a atuação de juízes à participação das Forças Armadas no golpe de 1964, que pôs o Brasil sob o regime militar até 1985. “Impeachment que muitas pessoas querem transformar nos tempos da ditadura: primeiro se culpa, depois se prova”, disse antes de complementar. “Ontem as Forças Armadas, hoje a toga supostamente democrática e imparcial”.
O governador lembrou que a estratégia utilizada hoje contra a presidenta Dilma é a mesma que “1% da população que usa há várias décadas essa estratégia para proteger seus interesses”. “A maior corrupção que pode existir em uma sociedade é a desigualdade, é a injustiça social. E aqueles que pretendem situar a corrupção nos estados, eles querem proteger seus privilégios de casta”, criticou.
Fonte: Portal Brasil (www.brasil.gov.br)