quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Da tragédia à piada

Rebelião em Alcaçuz passa de tragédia prisional para piada popular na web

Definitivamente o Brasil anda longe de se tornar um País sério. Por aqui, quase tudo termina em piada. É o que se vê agora diante da rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz que, segundo o Governo do Rio Grande do Norte, fez vinte e poucas vítimas fatais, informação pouco acreditada entre os populares, que acreditam num número maior de mortos.

Nas redes sociais, principalmente via watts app, a situação do maior estabelecimento prisional do Estado, situado no Município de Nísia Floresta, transformou-se numa grande piada, e o governador Robinson Faria, apontado publicamente como gestor sem pulso firme para resolver o problema, tem sido envolvido negativamente nesse "humor" trágico. Nesse sentido, suas entrevistas concedidas à imprensa não contribuem para que se tenha confiança no Governo diante do problema.

Para piorar, a Rede Globo de Televisão, através do programa semanal Fantástico, produziu farto material que demonstra o enorme caos em que se transformou Alcaçuz.

Pois bem, depois que o comitê gestor de segurança pública do Estado teve a infeliz ideia de colocar contêineres para separar facções que dominam a Penitenciária de Alcaçuz, aí então as piadas se multiplicaram.

Num dos memes que circulam pela internet, ora em fotografia, ora em áudio, alguém convida para uma festa de reinauguração de um dos pavilhões de Alcaçuz. Maliciosamente, quem produziu o material anuncia como atrações musicais o cantor Édson Gomes e uma renomada banda potiguar, que já teria anunciado publicamente que irá processar os responsáveis pela veiculação do nome da banda à suposta reinauguração de parte da unidade prisional.

E tem razão a produção da banda, pois nada justifica que seu nome seja associado a esse tipo de "festa" hipotética, como também não se justifica a associação ao suposto fato do nome do cantor Édson Gomes.

Enquanto isso, diante do que realmente interessa e que deveria ser levado a sério, o Governo do Rio Grande do Norte segue sem apresentar uma solução para o problema de Alcaçuz. Embora tenha se proposto em campanha eleitoral a ser o governador da segurança, Robinson segue perdido na questão. Não tem uma política acertada para debelar a crise.

De certo, mesmo, tem-se apenas a afirmativa do governante potiguar de que a médio e longo prazo irá desativar a Penitenciária de Alcaçuz, na medida em que o Estado for construindo outras unidades prisionais.

Num único ponto, até aqui, o governador tem razão: a Penitenciária de Alcaçuz jamais deveria ter sido construída sobre dunas, o que facilita a fuga.

Porém, não resolver o problema sob a alegação repetida de que ele é fruto de gestões passadas, isso é descabido. Se é verdade que a gestão de Robinson não foi a única a deixar nascer esse grave gargalo jurídico-social, por falta de políticas adequadas para a segurança pública e o sistema prisional, também é verdade que, nesse momento, em sendo ele o governador do Estado, a responsabilidade maior para cuidar do assunto é dele próprio.

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